domingo, 20 de abril de 2008

DEUS E A SUA DIDÁTICA

"Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei... de maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados à lei. Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus." (Gl 3: 23-25)

Sempre que medito na Palavra de Deus, busco do Pai a revelação daquilo que está meramente escrito ali. Algumas vezes, ouço a voz do espírito revelando a Sua palavra de uma maneira sobrenatural. Outras vezes, não consigo ouvir a voz de Deus, pelo que concluo, são os mistérios insondáveis do nosso Pai. Me lembro das palavras de Paulo, apóstolo: "porque agora vemos obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido." Creio firmemente que, algumas coisas nos serão reveladas somente no céu, na glória.

O texto de gálatas sempre me despertou dúvidas. Por que a lei teve que vir antes, para depois, vir a graça? Por que o povo daquele tempo teve de se submeter a normas e regras rígidas, para que, somente depois de algum tempo, eles viessem conhecer a graça de Deus? Por que o Pai não aplicou a graça direto, sem ter que passar pela lei? Em outras palavras: por que, uma vez que o homem já havia pecado, Deus não mandou Jesus Cristo diretamente, sem ter que passar pela lei?
A impressão (e apenas impressão) que temos é que Deus deu uma volta desnecessária, sendo que ele poderia resolver a situação de uma maneira muito mais fácil e mais rápida. Eis algumas meditações a respeito disso que acredito, irão esclarecer algumas de nossas indagações.

1 - A lei veio antes da graça para ressaltar, mostrar, desmascarar o pecado

É bom que entendamos os processos de Deus na vida do seu povo (e na nossa é claro!!). Antes de Moisés (homem de Deus que recebeu as tábuas da lei), o povo de Deus se relacionava com Ele através da sua própria consciência. Não existia um conjunto de regras para que o povo seguisse. Com isso a noção de pecado era um tanto quanto subjetiva, pois o homem já tinha caído e não possuía mais o Espírito de Deus. Com isso não havia um discernimento claro da parte do homem, daquilo que era bom e mau. Então percebemos que a vontade de Deus ao revelar um conjunto de normas e leis para o seu povo era a de deixar claro o pecado do homem. Com a lei, o povo passou a saber mais claramente o que agradava a Deus e o que o aborrecia. A partir de Moisés o pecado ficou latente, escancarado para o homem. É importante observarmos que homem continuava destituído do Espírito de Deus, por isso, ficou patente para ele mesmo, que ele não conseguiria cumprir a lei. Assim o pecado ficou aparente e visível para o povo de Deus.

2 - A lei veio para que o homem tivesse consciência da necessidade de salvação

Como a lei ressaltou, desmascarou o pecado, o homem passou a ver que através das obras, através do cumprimento da lei, ele não seria salvo, não seria considerado justo diante de Deus (a bíblia diz que aquele que descumprir um único mandamento da lei mosaica era considerado maldito). Ou seja, o homem por ele mesmo seria incapaz de se salvar. Então Deus quis deixar claro para o seu povo, que eles precisariam do favor, da graça de Deus para que houvesse salvação para o homem. A lei serviu para mostrar ao povo que toda tentativa humana de produzir justificação ou salvação fracassou.

Nesse contexto entendemos o objetivo, o sentido, o propósito da lei. Ela veio para que a terra fosse preparada. Percebemos aqui, que Deus usa um processo didático para nos ensinar. Com a aplicação da lei, ele deixa as coisas piores(para que homem percebesse isso), para depois melhorar (através da graça de Cristo). Concluímos que a lei trabalha pela graça, a lei foi usada como parte importante para que a misericórdia e graça do Senhor fossem percebidas e aceitas.

Portanto a lei serviu para comprovar o fracasso das tentativas humanas de se relacionar com o Pai. E através dessa consciência, confessarmos que, para que sejamos justificados e salvos, necessitamos obrigatoriamente de um favor imerecido, de algo que não depende de nós. Precisamos de algo totalmente espiritual: o amor do nosso Pai, revelado, expressado em seu filho Cristo Jesus.

Percebemos também que na época da lei éramos chamados “criaturas de Deus”. Éramos criados por Deus. Deus não se relacionava com o seu povo numa perspectiva familiar (pai e filho). O relacionamento das pessoas com Deus na época da lei, era marcado pela relação “senhor-servo”. Já quando veio a graça, Deus não nos olha apenas como criaturas, não nos trata apenas como servos ou escravos, mas nos olha como filhos. A partir de Cristo Deus muda o relacionamento Dele com o seu povo. Em vez de termos sido criados, o Pai diz que fomos gerados (da água e do espírito). Por isso a palavra de Deus fala a respeito de nascer de novo. É esse novo nascimento, essa nova gestação que nos dá a identidade e a consciência de sermos filhos de Deus. Não falo aqui de um nascimento da carne, mas do nascimento do espírito de Deus. Através de Cristo Jesus, crucificado e ressurreto, Deus nos adotou como seus filhos e por isso somos irmãos em Cristo e irmãos de Cristo. Fomos feitos co-herdeiros da promessa e da herança do Senhor.

Está aí, mais uma revelção do nosso pai amoroso, bondoso, misericordioso e gracioso.

Um grande abraço e fique com Deus!!!
Pr. Júnior

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